E-Book Overview
Refrigeração, relógios, lentes, água potável, gravação de som e luz artificial - elementos fundamentais de nossa vida diária - são esquadrinhados de forma totalmente original, desde sua remota criação por inventores diletantes, amadores e empreendedores visionários, aos efeitos e evoluções que desencadearam.
Entre surpreendentes casos de genialidades acidentais e equívocos brilhantes - como o do editor francês que inventou o fonógrafo antes de Edison, mas se esqueceu de incluir a reprodução; ou do visionário que ganhou uma fortuna transportando água congelada de um lago de Boston para o Caribe -, Steven Johnson deixa claro mais uma vez por que é um dos escritores de não ficção mais admirados no mundo todo.
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Steven Johnson
Como chegamos até aqui A história das inovações que fizeram a vida moderna possível
Tradução: Claudio Carina
Para Jane, que sem dúvida esperava um tratado em três volumes sobre a pesca de baleias no século XIX.
Sumário
Introdução: Historiadores robôs e a asa do beija-flor 1. Vidro 2. Frio 3. Som 4. Higiene 5. Tempo 6. Luz Conclusão: Os viajantes do tempo Notas Referências bibliográficas Créditos das figuras Agradecimentos Índice remissivo
Introdução Historiadores robôs e a asa do beija-flor
HÁ POUCO MAIS de duas décadas, o artista e filósofo mexicano-americano Manuel De Landa publicou um livro estranho e maravilhoso chamado War in the Age of Intelligent Machines. Estritamente falando, o livro era uma história da tecnologia militar, mas não tinha nada em comum com o que se espera de algo do gênero. Em vez de relatos heroicos de engenharia submarina escritos por algum professor da Academia Naval, o livro de De Landa combinou teoria do caos, biologia evolucionista e filosofia francesa pós-estruturalista em histórias sobre a bala conoidal, o radar e outras inovações militares. Eu me recordo de ter lido o livro quando era estudante de pós-graduação, aos vinte e poucos anos, e de o ter considerado uma obra completamente sui generis, como se De Landa tivesse chegado à Terra vindo de algum outro planeta com vida inteligente. Pareceu-me ao mesmo tempo fascinante e muito desorientador. De Landa começou o livro com uma brilhante reviravolta interpretativa. Imagine, sugeriu ele, um trabalho histórico escrito em algum tempo no futuro por alguma forma de inteligência artificial, mapeando a história do milênio anterior. “Nós poderíamos imaginar”, argumentou De Landa, “que o historiador robô escreveria uma história diferente da relatada por sua contraparte humana.”1 Eventos que ocupam lugar de vulto na contabilidade humana – a conquista das Américas pela Europa, a queda do Império Romano, a Carta Magna – seriam notas de rodapé do ponto de vista do robô. Outros eventos, que parecem marginais para a história tradicional – como os autômatos de brinquedo que fingiam jogar xadrez no século XVIII, o tear de Jacquard que ins