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Em Passagem para Ararat, que recebeu o National Book Award em 1976, Michael J. Arlen vai além do retrato de seu pai, o famoso romancista anglo-armênio da década de 1920, que ele criou em Exiles para tentar descobrir o que seu pai havia experimentado. esquecer: a Armênia e o que significava ser um armênio, um descendente de um povo orgulhoso que os conquistadores tentaram exterminar durante séculos. Mas talvez de maneira mais afetiva, Arlen conta uma história tão ampla quanto um povo inteiro, mas tão pessoal quanto o elo desconfortável entre pai e filho, oferecendo um relato magistral da afirmação e da dor do parentesco.
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.,u '1, Coleção LITERATURA E TEORIA LITERÁRIA vol. l8 Michael J. Arlen {- t " ,l Direção de: Antonio Callado Antonio Candido L.r Iìicha catalográlica (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte do PASSAGEM PARA ARARAT SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ) 4753p Arlen, Michael J. Passagem para Ararat; tradução de Ana Teresa Jardinl Reynaud. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. (Literatura e teoria literária, v. l8) Do original em inglês: Passage to Ararat l. Armênia - História l. Título II. Série 78-0090 cDD cDU - Tradução de Ana Teresa Jardim Reynaud 909.049t992 9s6.6 EDITORA PAZ E TERRA Conselho Editorial Antonio Candido Celso Furtado Fernando Gasparian Fernando Henrique Cardoso Paz e Terra PASSAGEM PARA ARARAT Copyright @ 1975 by Michael J. Arien Título do originai em inglês: Passage Io Ararat Supervisão gráfica: Luiz Carlos Rodrigues Calazans Capa: Carol Wik-Lentz- Gardner Revisão: Fernando Libardi N uma determinada época de minha vida, parti numa viagem para descobrir por mim mesmo o que significa ser um armênio. Þorque, apesar de ser armênio, ou meio armênio, até então eu nada sabia sobie os armênios ou a Armênia. Isto ê, quase nada, Meu pai lora armênio - nascido de pais armênìos - mas fora criado na Ingla' terra e educado em escolas inglesas. Sua cidadania havia sido inglesa e, mais tarde, americana. Na verdade, ele parecia não ter virtual- Direitos adquiridos pela EDITORA PA.Z E TERRA S.A. Rua André Cavalcanti, 86, Fátima, Rio de Janeiro, RJ, que se reserva a propriedade desta tradução r 97I Impresso no Brasil Printed in Brazil mente ligação nenhuma com a Armênia. Em casa, nunca falou a língua. Raramente falava sobre a Armênia' Profissionalmente, era um escritor de novelas românticas que tinham como cenário, em sua maior partei a sociedade inglesa, e, apesar de uma ou duas exceções, nunca escreveu sobre a Armênia - ou os armênios, As exceções são na maioria deprecatórias ou engraçadas. Uma de suas linhas era assim: "Agora-quem afìrmaria que ele era armênio, se não era?" Realmente, com vinte e um anos ele mudara seu nome de Dikran Kouyoumjian, para Michael Arlen, Minha mãe (que era americana e grega) às vezes chamava meu pai de Dikran na intimidade, e essa foi a única maneira pela qual eu òoube quando criança que ele era outra coisa e não - ou também inglês. "É um nome armênio" ela explicou numa remota tarde. Por algum tempo, pensei que isso se referia ao tipo do nome - um nome ,.ãr.to. Compieendi que alguns de seus tios distantes chamavam-se Kouyoumjian - uma palavra estranha e difícil para uma criança rabiscar em uma carta de agradecimento' Mas meu pai, ao mesmo tempo em que revelava uma boa disposição em relação a meus tios, afastava-se evidentemente do nome. Com relutância, e geralmente com uma careta, ele me dizia novamente como soletrá-lo. "É ridí- culo e impronunciável", disse uma vez, e eu tive motivos para con' cordar, De um modo geral, o fato de meu pai ser armênio era um assunto remoto e obscuro que