Canções De Atormentar;


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Sumário Capa Folha de rosto Sumário laranjal traíra abelhas porto alegre, 2016 micro‑ondas sentada no topo do mundo as roupas vêm da ásia entrei no grande magazine para comprar uma geladeira quem desenhou as ruas algum café em rosário madagascar uma história da sujeira us enimaos eu sou a garota mais doce ao sul do equador minha barbie falsificada aviões? estetoscópios? agora é que sou elas montada em seu primeiro três poetisas em forma de pera você não sabe o que é uma teta caída alegria é encher a tua casa de cabelos louisa, por que não me googlas? cruzeiro elefantinhos para as minhas calças queria morar em ouro preto mentiras jogos escolares equestre hora mágica tiros na sapateira ∀ a proteção dos feios an introduction to mate a sônia quatro personagens em quatro desenhos de iberê camargo ana c. le cahier du bois de pins um excelente negócio voltar para casa depois de horas na rua, em busca de uma experiência esplêndida love, this courage (colagem) rômulo fróes toma uma decisão juçara marçal adota um gato agradecimentos a história mais velha do rock n’ roll nota e agradecimentos Sobre a autora Créditos laranjal não há laranjeiras aqui, não há limoeiros no pátio: só o pé de araçá que a minha avó plantou. nós temos funcho e cidreira, vão decantar na velha garrafa térmica. meu padrasto colhe um punhado de ervas para o mate, que fica mais muito mais verde. às vezes atravessa a rua, traz capim do mato vizinho, diz que é quebra-pedra, decerto pensa nos rins. quando faz muito frio minha mãe se queixa. faz muito frio. é úmido. a lagoa a uma quadra. em 78 construíram a casa. isso dava ao meu pai doze anos para lavar o carro na rampa. isso dava ao meu pai doze anos para matar aranhas. quando morreu meu pai sumiram as aranhas. que se metiam pelas persianas. o padrasto e a cuia vieram muito depois. não lembro do meu pai tomando mate. lembro do meu pai cozinhando, a cozinha toda azul incluindo frigidaire. na janela a única testemunha: um cacto. um cacto mais velho que eu. um pequeno cacto num vaso de cerâmica portuguesa. a morte do sílvio, ano passado. o sílvio era meio velho, caminhava todos os dias sempre de sunga azul marinho, parecia o falcon. pensava que o sílvio ia durar cem anos. o sílvio, p.ex., frequentava a feira. o sílvio, p.ex., tomava banho na lagoa. mesmo quando ninguém se arriscava, mesmo quando estava poluída e o jornal avisava. sempre havia alguém como o sílvio, que se metia na lagoa. no fundo eu sentia inveja porque eles não tinham medo de perebas nem de cacos de vidro. se tu vier me visitar e sentar na grama com tua bicicleta e as pernas abertas que por favor teu saco não apareça. é praia e todos se pelam quando sai o sol. difícil desviar o olhar, mas agradeço o convite. nem que me paguem vou ao barro duro a pé, pode me chamar de velha coroca, nem a pau vou de bicicleta até a barra. o cara do kung-fu lutava sozinho na areia da praia na areia da praia chutava pulava saltava e vencia. as mãos no peito feito um louva-a-deus. um príncipe das artes marciais. desapareceu. hu. iá. hu. iá. hu. iá. foi na areia da praia, por pouco não foi num sofá, ou na pista de dança do laranjal praia clube: eu tenho uma coisa pra te contar. e contei. e ela me disse que já sabia. e vomitou na areia. depois eu dizia por aí que ela tinha ficado nervosa. uma vez por ano o caminhão vem oferecer o serviço. um sistema de cloacas, não há. quanta bosta sob o luminoso alpendre. sai da avenida de pedra, entra numa rua dessas: tapes, montenegro, bagé afunda o pé no acelerador: deve ser porque temos dezesseis e somos duas garotas num fusca não temos nada a ver com isso que vá embora, por favor — mas o cara no carro sorri acelera, acelero: dois faróis no lusco-fusco. ele ganhou a corrida ganhou o quê? nesta cidade se vai ao prolongamento p.ex.: “nem a pau vou no prol
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